UM MENDIGO QUE EU VEJO

Eu vejo um mendigo a passos lentos

Indo e vindo nas travessas da Ribeira

Sem disfarces, sem medos, sem lamentos

Traz a história de uma vida inteira.

No semblante ele estampa o cansaço

De quem anda a vagar sem ter destino

Pendurado em seu fraquinho braço

Traz o seu patrimônio em desatino.

Chega ao lar que na vida lhe resta:

Um recanto solitário de calçada

Seus amigos então lhe fazem festa

Um gato, um rato e uma passarada.

O jantar é servido, ao fim da tarde

Os lugares ao redor bem disputados

Ele serve aos amigos sem alarde

Leite frio e pão são partilhados

Ao final, os amigos vão-se embora

E seus olhinhos ficam então tristonhos

A cabeça, em um velho saco ele escora

E ali mesmo dorme, tem seus sonhos...

josealdyr@gmail.com