Transcendência Cotidiana

sexo com os deuses numa cama vermelha, tarde amarela, gosto de chocolate. e depois à sombra das árvores e galhos secos que se quebram ao vento, ventos múltiplos de vários cantos da terra tocando meus poros...

PÁSSAROS

cantando com preguiça e devaneios infantis, pelos ninhos, pelo sol e pelas nuvens pássaros

vento.

rotinas oscilando querendo sair pela janela, sensualmente dançando, as coxas e o ventre do nada

vento.

a aranha que, sem volúpia, come uma baratinha pequena na teia, que fez com suas próprias mãos, esfrega as mãos - é tão humana - e se alimenta mas não sabe porque. não tem vontade.

natureza.

armários sóbrios de madeira,

prateleiras,

roupas brincos jóias gravatas gavetas

cabides,

prendedores.

ser humano.

sexo vermelho com os deuses na cama:

mas a cama se desfez e voamos em direção a qualquer coisa, escape escorrendo mentalmente pelos seios dela, beijando de língua seu calor tão árabe e fora das grades das gafes dos cabides

dos arames

da própria noção de corpo-tempo-espaço

(não um passatempo, mas deixar o tempo passar)

mais.

PÁSSAROS

vento.

natureza.

ser humano.

- pra fora!