O PROFETA


 
O último dos homens foi profeta.
E viu todos os outros se esvaírem.
Alma fluida, corpo na gaveta.
Todos seres, um a um, viu partirem.
 
E o séquito, em mímica careta,
No murmúrio abafado do silêncio,
Mal notava que aos poucos se esvaía,
Nem cortejo ou o tempo mais se via.
 
Até que um dia se fez o que era dito,
E com coerência o que era tido por futuro
Fez-se real, nem infeliz, nem aflito:
 
Bendisse à alma, e a última honraria:
Deitou-lhe o madeiro ao peito escuro,
Fechou-lhe o tampo, e fez-se a profecia.


José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 29/11/2009
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