Velho tiquetaquear

Escuto aquele velho tiquetaquear, produzido pelo som do relógio;

Que agora, parece ser tão alto e claro.

É uma espécie de tortura lenta e impiedosa;

O tempo não passa, apenas finge dirigir-se a algum lugar.

Enquanto meus planos são quebrados por uma correnteza bravia;

Deixo que minha mente se esvazie até não pensar em nada;

Até não sentir nada, até não ser nada.

Com quanto que eu ainda respire;

Mesmo que lento e dolorosamente;

Deixo que você me leve, que me carregue;

Agora que não consigo andar.

É uma imobilidade, uma imutabilidade;

Tão serena e trágica quanto morrer.

Indolor, mas meus olhos ainda não pararam de chorar;

Deixaram de me obedecer a algum tempo.

É uma sensação de desconforto, de não ter pra onde ir;

De querer muito mais do que apenas respirar.

De destruir tudo o que você sempre quis em apenas um minuto de sono.

E agora, que acordo;

Sentindo-me ainda sem direção – meus sentidos voltando pouco a pouco -;

Apenas avalio os estragos feitos pela tempestade;

Tentando recuperar cada pedaço de mim.

E o que encontro são apenas restos de alguém que fui.

E se existe uma forma de mudar alguma coisa;

De mudar o futuro de alguém que já não existe.

Então, preciso de um milagre.

JOELMA OLIVER
Enviado por JOELMA OLIVER em 30/11/2009
Código do texto: T1952520
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