NÃO TIVE TEMPO

Não tive tempo de dizer ao tempo

Que reservasse no futuro um dia

Pra que eu dissesse, mesmo que ao vento

O quanto foi grande essa agonia

Não tive tempo de explicar, nem pude

O que naquele tempo eu só sabia

Que era um martírio cruel, interno, rude

A consumir-me a dignidade, dia-a-dia

Não tive tempo de pedir socorro

Nem revelar que ali eu me escondia

De um fato vil, insano, tenebroso

Que à tristeza e dor me conduzia

Não tive tempo de a tempo voltar

E consertar algumas atitudes

Pedir perdão, rever, reconquistar

Me defendendo, expor minhas virtudes

Não tive tempo mínimo de defesa

Também não tive tempo pra acusar

E assim, sem tempo, aprendi com o tempo

Que me restava a graça de esperar.

josealdyr@gmail.com