Olhares

Congelaram sentimentos

as rendas se perdem

bocas trancadas a esmo

pele de vidro translúcido

lucidez morta por entre

portas, vãos, buracos

A alma se sente pressente

lua morna vesga

flácida aparência

brocal cálido

apático movimento

e aqui estou

labiríntica criatura

maçã sem cheiro

Dizem, dizem

cansaço da língua

absorta em padrões

falidas monções

O vento refresca

sopra leva

passeia n’alma

Tudo se move

o olhar, olhar

nestes olhos empoeirados.

Cristina Freitas
Enviado por Cristina Freitas em 16/07/2006
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