A minha planta verde
só faço as pazes
com a minha planta verde
que embora não seja inocente, é honesta,
e não fala,
não se equipara,
e não se ostenta.
por certo tenho-me em alta consideração,
por me comparar à Natureza.
É só por disciplina e por proveito.
O que se perde na retórica das palavras com os outros!
No diálogo mudo com ela,
apreendo o padrão das coisas na Terra,
que o homem já quase esqueceu.
E na assimetria da réplica
curo o orgulho anárquico do discurso.
A minha planta verde não podia ser humana
porque ela não quereria,
a personalidade que assume
tem a haver com a métrica da existência
e com a exibição do mistério do própria Natureza,
com a estética da matéria.
A minha planta verde é um livro
de muitas páginas,
ora poema, ora prosa
onde me conta sem ingenuidade
o segredo da sensibilidade,
do recato da inteligência,
da sabedoria do silêncio.
A minha ambição não pára,
quero este livro só para mim
e os homens que se lixem
e
principalmente:
-Não me lixem a mim!