Fel na Pureza

O charme da brisa calma pendula da virgem as tranças

Trazendo o acalento esguio e selvagem das lembranças

Amargas, tem o fulgor da mira, certeira e sépia

Descansa sobre a pedra serena, raspa, ladra, pia.

Amor dolente abrange fermentados momentos

Na fila do pão, no congestionamento ocular

Corre mansinha a sábia vida, suaves alentos

O caracol dos birotes e a anágua secular.

Dança, gira, passeia, desfila o corpo felino

Por vezes, o atravessar na ponte soando descaso

Lindo sonho, avesso ao coração de menino

Que se esgueira na esquina, fina a flor e o vaso.

Murcham pesadas e repugnantes flores

Os rijos tijolos da vida são os amores

Naquele: bulha, chora frio e acre menino

À queda da casta idéia, esvai o sangue latino.

Perdura na ida à escola, o pesar incessante

De pejo e rubros pomos, a estaca lancinante

Sem véu, nem alvo tecido, resta então, a seda impura

A estrada, pedregosa vereda, segue dura, dura, dura.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 17/07/2006
Reeditado em 17/07/2006
Código do texto: T195783
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.