Esmalte sobre palavras

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Cachaça em xícara esmaltada vermelha,

Casca de sonho ou rosto das coisas provadas,

Resto de leitura inacabada...

Verdes versos pululam sobre a pedra inanimada...

Formigas grandes e pequenas cumprem o seu ofício de carregar e descarregar...

As cargas das formigas são leves, pesadas ou pesadíssimas;

Presentes, passadas ou futuras...

Os segredos de Deus,

Deus não conta.

De suportá-los, quem daria conta?

Assalta-me não o assaltante, mas a poesia.

Rendo-me à sua abordagem.

Bordo com letras de ouro uns nomes que se encostaram ao meu

No pensamento de Deus, desde antes dos dinossauros...

Pincéis de vento limpam o relento da minha alma.

Favorecem-me com emoção estética as fitas das embalagens de presentes,

Mesmas cores do arco-íris, mais prata e dourado.

Temos muito mais sentidos do que conhecemos.

Temos muito mais pra sentir do que o que percebemos.

Sobre um mini-copo de cristal,

Mensagem de amor em francês foi gravada pelo vendedor

Com motorzinho de dentista

Na calçada da rua do medo de ficar só.

Era só uma vice-premoniçãozinha,

Tentativa de furo da memória do futuro

Que não decodifiquei,

Vago aviso do que seria,

Arremedo de taça de mel e fel

Que estava reservada...

O copo não se quebrou,

Nem mesmo trincou!

Seu conteúdo esgotou-se...

Agora, é a xícara de esmalte vermelho.

Segunda rodada...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 06/12/2009
Código do texto: T1963784