O pequeno beija-flor

Era apenas um ponto frágil no meio do quintal
Naquela manhã chuvosa
Parado, inerte, como que empalhado
O brilho dos olhos era um sintoma de vida
Menos de meio grama de pura impotência
A mercê da sorte
Pude pegá-lo nas mãos
Acariciá-lo, aquecê-lo
Trouxe-o pra dentro de casa
Logo a mãe começou a rondar a minha porta
Parecia aflita à procura do filho
Sobrevoava, chegava o mais perto que podia
Mas temia arriscar a sua própria vida e a do filho
Não consegui avaliar o que aconteceu
Com aquele pequeno ser ali na minha mão
Depois um tempo, ele começou a reagir
Abrir as asas e a debatê-las
E a piscar os olhos e mover a cabeça
Levei-o para fora e segurei-o ainda um pouco mais
Ele começou a agitar-se aparentemente nervoso
Talvez estivesse grato pelo meu cuidado
Mas não o bastante para confiar em mim
Reunindo as parcas forças recobradas
Alçou um vôo vigoroso ao encontro da mãe
Que parecia a aliviada e feliz
Voando agora ao lado do seu pequeno beija-flor.