JARDIM DE SECURAS

O mundo é tão grande e belo,

exclamou a cravada pedra

que nunca saiu do lugar.

Depois que vento de outono,

derrubou as folhas soltas e secas

viveram a se pelos cantos e a suspirar.

Nunca acredite na maturidade do tempo,

confessaram as copas verdes

das verdadeiras eternidades das árvores.

Irmãs do mesmo roseiral,

as rosas cor-de-rosa passaram a vida

afiando contra si os próprios espinhos.

No pequeno vaso no alto da janela

o grande sonho das prisioneias violetas

era a liberdade do matagal ao lado.

Foi no meio de suas múltiplas pétalas

que um dia a dália se descobriu

perdida no meio de si.

Já está em plena madrugada,

quando explodiu de felicidade

a Dama da Noite anunciou: esborrifem a perfumda!

Robustos e alvos, cheios de elegância,

sentiam vergonha, os crisântemos,

de não terem nenhuma fragrância.

Tão singelas e unidas, as margaridas,

nas sacadas, coitadas, escondiam do mundo

suas sinas de fedidas!

Quando cravaram o lírio branco em um vaso,

empalideceu de susto, o coitado.

Agora viveria num um palácio.

Os cravos brancos e roxos do caixão

sussurraram que eram destindis,

colorir um pouco a morte do ancião.

Assim que a acácia do canteiro definhou logo de primeiro,

ninguém jamais soube

que era pela saudade das mãos dos jardineiros.

Sem qualquer timidez da sua existência medonha,

despudorava-se pelos cantos dos canteiros

a alastrada maria-sem-vergonha.

O nosso mistério, segredaram os cactos,

é que estamos sempre viçosos por fora

mas às vezes já mortos por dentro.

Após a primavera acabar e a festa derreter,,

o antúrio vermelho cerrou o próprio caule,

e se deixou sangrar até morrer...

Santamaria
Enviado por Santamaria em 19/07/2006
Reeditado em 19/07/2006
Código do texto: T197078