ALGOZ

O perfume de cravo

me faz escravo

de lembranças.

A memória é o algoz

a me torturar com gozo,

a cravar em mim descaminhos

idos.

Busco no aroma de amoras

a antítese da estrada

percorrida.

Adivinho distâncias do tempo.

Enveredo por ruelas tangentes,

esquinas circunflexas,

pontes transversas.

Encontro avenidas obtusas.

(Confundo-me)

A fragrância me persegue.

As alamedas convergem

e me devolvem ao algoz,

que me algema.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 25/05/2005
Código do texto: T19751