ALGOZ
O perfume de cravo
me faz escravo
de lembranças.
A memória é o algoz
a me torturar com gozo,
a cravar em mim descaminhos
idos.
Busco no aroma de amoras
a antítese da estrada
percorrida.
Adivinho distâncias do tempo.
Enveredo por ruelas tangentes,
esquinas circunflexas,
pontes transversas.
Encontro avenidas obtusas.
(Confundo-me)
A fragrância me persegue.
As alamedas convergem
e me devolvem ao algoz,
que me algema.