Marcas

Hoje trago marcas no rosto

de uma vida vivida

como um bolero

cantado em boates decadentes.

Tenho cicatrizes fundas

não só no rosto

mas também na alma.

Cicatrizes que mostram

todos os caminhos,

atalhos, e trilhas,

por onde andei

na imaturidade de meus sonhos.

Tenho profundos sulcos

carregados de poeira

das pedras, que

implodiram e que meus pés

descalços

não souberam deixar

para trás.

Mas, tenho em minha ânsia

de viver, os contornos

que fazem os rios

que vão atropelando

em suas margens,

toda lama e toda flor,

porque seu destino

é o mar,

e no mar adubado

com lama e flor,

a vida cresce e as

marcas que foram

deixadas nas margens,

tranformam-se em um

oceano ameno,

onde o amanhecer solar

deposita sua semente.

E aí, tudo recomeça

novamente.

Marcia Barroca
Enviado por Marcia Barroca em 20/07/2006
Código do texto: T198161