Marcas
Hoje trago marcas no rosto
de uma vida vivida
como um bolero
cantado em boates decadentes.
Tenho cicatrizes fundas
não só no rosto
mas também na alma.
Cicatrizes que mostram
todos os caminhos,
atalhos, e trilhas,
por onde andei
na imaturidade de meus sonhos.
Tenho profundos sulcos
carregados de poeira
das pedras, que
implodiram e que meus pés
descalços
não souberam deixar
para trás.
Mas, tenho em minha ânsia
de viver, os contornos
que fazem os rios
que vão atropelando
em suas margens,
toda lama e toda flor,
porque seu destino
é o mar,
e no mar adubado
com lama e flor,
a vida cresce e as
marcas que foram
deixadas nas margens,
tranformam-se em um
oceano ameno,
onde o amanhecer solar
deposita sua semente.
E aí, tudo recomeça
novamente.