CANTARES DE ENTREGA E DE PASSAGEM

Eu canto o instante fugaz,

o impermanente,

o remar do barco,

algo que vem e vai...

Eu canto o homem e a mulher

que levam os filhos à escola,

porque o haverá amanhã

para refazer os sonhos,

a insensatez de pensar

que somos previsíveis,

que a vida é previsível

como o riso de criança.

Desesperados por significados,

nós os inventamos.

queremos que haja um padrão,

um fio condutor

dos meus lábios que encontram os teus.

A teoria do caos soa inconsistente,

não carrega consigo

a certeza das calmarias

depois de todas as borrascas.

O meu olhar encontra o teu

e o universo se refaz,

navegando na própria memória

todos os absurdos constroem portos

com os pedaços do cotidiano.

Eu canto a reconstrução

da vidraça partida depois do vendaval,

a graça dos movimentos,

a harmonia das formas,

descompromissadas,

soltas no ar.

José Luongo da Silveira
Enviado por José Luongo da Silveira em 21/07/2006
Código do texto: T198740