Calem-se
Calem-se os homens
Ante o vitupério da razão
Emudeçam suas vozes
Ponham a mão no coração
Sintam o compasso
Como um relógio fibroso
Ou um violino orgulhoso
Feito, porém, em pedaços
Ponham as mãos nos ouvidos
E escutem atentamente
O som do nosso pensar
Como uma nota sutil e clemente
Fechem seus olhos e boca
Engulam suas salivas
Mergulhem em seu próprio pesar
Como quem vai ao fundo do rio
E volta com um diamante solar.