Dançar e amar

"Quando as flores desabrocham,

o sereno encontra dois corpos.

Na calada da noite, no frio da manhã.

Como seres insolentes com voz ansiã.

A voz que o corpo tem, que não sai da boca.

A voz dos pés, dos rítmos, do compasso.

A voz das mãos, da cintura que os põem em laço.

Eram dois seres furtivamente escondidos.

Se via os braços, as mãos roçarem

pelas pernas de cada qual.

Furtivamente pelo parque, risonhamente banal...

Os dois corpos a se encontrarem, eram corpos

de longas jornadas.Experientes corpos rolantes pela estrada...

Se hora aqui, se hora acolá.

Pés saltitantes para lá.

Além -mar, além - céu, além - infinito.

O gramado era seu palco de amor.

Amor pela dança, pelo folclore, pelo mito.

A dança de dois corpos ao luar.

A dança de dois corpos a se amar...

Se ballet, ou sapateado.

Se salsa ou merenque...

As mãos entrelaçadas mostravam um tango reprimido...

Ou uma dança de cabaré? Ou flamenco iludido?

Não sabia-se mais se era dança ou amor...

Ou os dois, já que não havia pudor...

Agora, os mesmos braços cálidos de outrora...

Os mesmos pés dançantes, o mesmo...

Rítmo de amantes!

É isso o amor e a arte...

Unidos pelo prazer...

Unidos... um ao outro sem saber..."

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 21/07/2006
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