NOITE SOLITÁRIA - Regina Lyra

O poema preencheu um vazio,

Da noite solitária,

Descobriu o pavio...

Neste ato de fervor amoroso,

Apenas sentiu palavras contemplativas,

Indicativas de um amor.

Teu olhar iluminou minha noite

Descortinou minhas vestes

Fiz uma prece...

Belos versos destilados,

Pela súmula do poema,

Encantou-me a busca

Tornei-me parte deste tema.

À noite sobraram palavras,

Guardei-as para o dia

Mesmo que fossem escravas...

Quiseram criar asas

Para unir tantos momentos

Sobrevoaram todas as causas...

Fui ao encontro da noite,

As lembranças noturnas...

Descobri o coração.

Joguei fora à tristeza em vão...

Tinha ao fundo a magia

De toda poesia

Que falava da emoção...

A voz encheu de alegria

A poesia amou por dias,

Ardente em demasia...

Dentro do espaço

Comecei novo estudo,

Alinhei intensamente

O início de tudo...

Na escuridão do dia,

Encontrei o amor

No clarão da noite...

Intensos foram sentimentos!

Seja claro ou escuro,

Sua importância

Tem substância...

O tempo passou

E o amor também,

Com certeza outro virá...

Para o bem encontrar.

Os versos navegam,

Para um encontro consigo mesmo.

Renascerá tudo ao seu tempo!

As criações poéticas,

São momentos de beleza.

Feita como a natureza

Para serem contempladas...

O sonho do poeta quando acorda,

Permanece em festa.

O recomeço é atraente!

Persiste na vontade,

Insiste determinado,

Vamos em frente!

Versos repletos de lirismo,

Invadem sentimento exposto...

Dá gosto, passar em frente,

Do ninho estendido pelo ombro solto...

Na noite que findava

O vento soprou mais ainda,

Solitário amor infesta,

Na gruta do ama-dor...

Tuas palavras permaneciam

Com sede de conhecimento!

Aguardei-as...

Repletas de contentamento.

As alegrias permearam amizades,

Conquistadas e queridas.

As boas novas anunciavam novos tempos,

Solidariedade mantida!

Nem eu sei...

Como ultrapassei fronteiras,

Desliguei asneiras,

Fiz dos versos, contraversos...

___ Me encontro inteira!

O canto de um tempo,

Sempre encanta o leito

Com o tempo serenado,

Uma boa companhia,

Casal no cio...

Pacote de régua,

Medida avessa,

Desenho travesso!

Espero com desejo,

Fazê-lo feliz

Após um longo dia.

Vestido vermelho

Paixão noite afora...

Deu tempo de tirá-lo, agora!

Carregada por trás

No seu bojo

Uma riqueza de metáforas,

Imagens!

Mesmo na crueldade da vida,

Surge despida.

O poema alegra a poesia e o leitor,

Mas, sobretudo homenagem feita

Com real carinho fraterno.

Irmãos na poesia já eram.

Nesta procura intensa

Vamos colocar muita crença,

Para não perder o Amor!

Inspirou-se com a cor da canela,

Seu perfume transcendeu o ar da esfera,

Tornou-se mais doce o encanto...

O amor visitou,

Trouxe uma alegria diferente

Para quem estava descrente...

Juntos a poesia e o poeta

Sempre a dizerem verdades,

Líricas, afáveis sentimentos

Ricas em sensualidade...

Os sonhos exprimem desejos

Reais ou imaginários,

Eis o segredo...

O amor está no ar...

Bom mesmo é tocá-lo

Antes que se vá...

O fingimento corre de um lado a outro,

Neste fingir que não muda

O amor se instala, absurdo!

O primeiro beijo

Foi dado!

Logo voltou

Para repetir o inusitado...

A poesia se tornou real

Quando foi atemporal!

O amor anuncia

Na penumbra da noite...

Com a suavidade do olhar

Toca o rosto com beijos

Enaltece desejos...

O canto da terra

Merece ser ouvido!

Traz uma onda de sonoridade,

Percepção sem fim!

Quando a máquina funciona

Se permite à fotografia

Mesmo que seja na poesia...

O prazer se espalha,

Produz versos sensuais...

Competência poética,

Na terra onde sacias...

Teu olhar anteviu a real beleza

Ao encontrar teve certeza!

Não era noite, nem era dia...

Teu corpo calmo como a luz

Transcendeu o tempo

Seduziu o espaço...

Corpo lindo, fascinante,

Portanto enrosco num abraço...

A visão do amor fotografado

Veio de um instante imaginário

Onde a vida é feita de momentos...

Felizes os que têm o amor cravado!

O motivo da inspiração

Vem de dentro toda a criação.

Beberás do amanhã

Elemento da natureza ·

Retratas com real beleza.

Imagem perfeita

Para o ato em questão!

A distinção da miragem

Chega à visualização do tema.

Mais um encontro com versos!

Felicidade sem igual,

No espaço desigual,

Onde há o Bem e o Mal...

Neste banquete sobre a mesa

Deslizo na contradança.

Tem ao fundo a magia

De toda harmonia.

Saudade em sintonia...

Mansidão de anseios...

Vou dizer uma coisa:

Não tenha medo!

Versos tristes

Buscam a metade que foi embora,

Mas o complemento está por vir,

Enfim a alma chora.

A consciência seria dispensada.

Melhor amar sem perguntas, nem respostas,

Apenas abrir a porta...

Nada melhor para o deleite

Quando o amor começa

Enfim resta a esperança

Na crença de não findar...

Este amor incrível

Faz pensar na relatividade da vida,

Na existência da chegada,

No adeus da partida...

Assim na noite solitária

Busca-se encontrar

O que havia perdido.

Qual surpresa encantada

Nada mais perdido está,

Achado em boa companhia...

IN: Antologia Internacional Roda Mundo, Roda Gigante 2006. São Paulo: Ed. Ottoni, 2006.

Regina Lyra
Enviado por Regina Lyra em 22/07/2006
Reeditado em 23/10/2006
Código do texto: T199162