A TRAJETÓRIA DO POEMA

O poema é um ser vivo

que se refugia nas palavras,

nasce exultante

e morre exaurido,

desaparece,

deixa de ser lido.

Enquanto há tempo,

vem comigo,

ó desvairada poesia

e construiremos juntos

uma cabana na floresta.

Lá as pitangueiras florescem

entre agosto e novembro

e o rio canta a noite inteira

para tu dormires.

Lá conheceremos todos os ritmos,

todos os sabores

(da mentira à verdade)

e cuidaremos das palavras,

tanto as coisa ditas

como as que não significam nada

e quando passarmos do limite

é preciso voltar à tarde,

porque viver juntos,

morar juntos,

está tudo pronto

e nada está pronto

Vem comigo,

não sejas tímida,

porque não se pode fazer expurgos

na beleza da vida em ação.

Deixa que teu corpo sinuoso,

de forma telúrica, voluptuosa,

seja um barco à deriva

e estabeleça sem dó

em que praia aportaremos.

José Luongo da Silveira
Enviado por José Luongo da Silveira em 22/07/2006
Código do texto: T199292