Meu homem (2)
Angélica T. Almstadter
Esse homem de garras afiadas
Que me toma sem sentidos
Cochicha em meus ouvidos
Me põe em camas reviradas
É o homem que me dá vida e me mata
Tem muitas caras e muito amores
Me acaricia e me maltrata
Cerzindo minhas dores
Meu homem tem um coração bandido
Provoca meu corpo com seu cheiro
Desperta minha libido
Que o deseja por inteiro
Meu homem me põe desejosa
Me oferece como refúgio tua boca
Faz de mim fêmea fogosa
Na cavalgada febril quase louca
Esse homem que me deseja e afaga
E que de mim se afasta
Bebe minh´alma e traga
Sabe certamente que me basta
Mas me consome em fráguas
Nos meus acesos delírios
Me inunda de mágoas
Premendo meus desvarios
Meu homem é minha loucura
Alimenta a minh´alma
Fala comigo com doçura
E do meu corpo tira a calma
Quanto mais minha vida invade
Mais me rouba a cura
Desse rio de saudade
Que minha cabeça tortura
Meu homem que é também minha vida
Plantou em mim o ciúmes
Me deixa sem porta de saída
A roer os meus queixumes