Vida no Cariri

Que campos de flores tão belas,

Como som, o canto do nambu,

É a caatinga que na primavera,

E sob um céu imensamente azul

Forma um tapete em aquarelas

De catingueira, cactos e imbu.

Não se encante com esta paisagem

Pois logo, logo virar o verão,

Ai tudo se tornará cinzento,

Chegando a doer o coração.

E nos olhos só terás as imagens,

Inclemente esturricando o sertão.

Você pensa que botaram fogo

Em toda aquela imensidão

Fica tudo esturricado,

Tremendo de quente fica o chão

Sombra só dos caldos

Ou nos alpendres do casarão.

Onde o artesão, esculpi a imburana

Usando imaginação e destreza

Retocando as obras que a natureza,

Com alguma coisa fez parecida

Pode ser uma pessoa humana,

Ou a Virgem Aparecida.

Quando uma cacimba se tem,

Onde a juruti bebe escondida,

Mais vem o carirense faminto,

Camuflado desde a dormida

As matam por um vintém

E compram sal pra a comida,

Aí não existe a maldade

Pois de soca é sua espingarda,

Na falta de um pedaço de bode,

Tinha um espanta boiada.

Resultado das suas caçadas

Que o Brasil diz que não pode.

Não pode é ele ficar com fome,

Olhando os filhos a chorar,

Sem carne, sem leite e sem pão,

Só com o feijão pra mastigar,

Se caçar vai pra prisão.

Ele tem de preservar.