Na singularidade do pranto derramado
Cansaço da vida, no dia a dia da inutilidade,
vida que se vive sem qualquer finalidade...
Sem sabor, sem aroma, só purgando os pecados
que nem sei se cometi, como num jogo de dados...
Vivendo da tristeza, alimentando-se da dor,
esquecendo-se totalmente do que foi um dia amor...
Amor que jaz em cinzas, mutilado nas feições,
Amor que já uniu em vida corações...
Agora, sem lembranças, como um tresloucado,
segue nas veredas de um sonho inacabado...
Bebe seu suor escorrido pela face,
entregue ao dissabor, despido em seu disfarce...
Parceiro sem ventura, andante sem piedade,
traz no peito a cruz, sinal de uma verdade...
Transeunte das vielas perdidas pelas noites,
segue tortuosas entranhas de açoites...
Nada lhe consola a alma que esfria...
Perdeu do rosto a cor, apenas, num só dia...
Espera amargurado por sua desventura,
que vai lhe abrigar em negra sepultura...
Que vai lhe consolar das tristes amarguras
de viver neste mundo cheio de agruras...
Pássaro morto que perdeu o seu cantar,
quando lhe deixaram sem galho prá pousar...
Este é o coração do poeta sedutor,
que queimou completamente as rimas do amor...
(às 17:10 hs do dia 05/01/2010)