OS TRÊS PORQUINHOS

CAPÍTULO I – UMA POBRE FAMÍLIA

Era uma vez... era uma vez...

uns meninos bem porquinhos,

na quantidade eram três;

eles viviam largadinhos

assim o três pobres coitadinhos

ficavam no mundo largados,

pois seus pais viviam alcoolizados,

torravam todo dinheiro em bebida

e com isso viviam endividados

não pagando qualquer dívida,

nem tão pouco colocavam em casa comida.

CAPÍTULO II – LAR AMARGO LAR

Na casa dessa família não tinha iluminação,

não tinha água... faltava tudo!

Não tendo luz, não há como assistir televisão

e o rádio deles ficava praticamente mudo.

Não tendo água os meninos viviam imundos,

também seus pais pareciam dois vagabundos;

para ser mais franco, pareciam moradores de ruas,

os filhos deles viviam mendigando

na tentativa de matarem a fome suas

e muitos nãos eles iam escutando

de gente que de sentimentos vivem nuas.

CAPÍTULO III – O CAÇULA

Os três meninos não tinham certidão de nascimento,

nem o nome deles era na verdade conhecido...

eles eram chamados a todo momento

somente através de apelidos (cada um tinha um apelido).

O caçula tinha o alcunha de Palhaço

porque apenas uma boa palha de aço

para tirar do corpo dele toda a sujeira

e dar a ele a boa sensação verdadeira

do frescor de um belo e gostoso banho,

mas para ele isso não passa de uma brincadeira,

brincadeira de um mau gosto que não tem tamanho!

CAPÍTULO IV – O IRMÃO DO MEIO

O apelido do menino do meio também não era bonito

era mesmo daqueles apelidos bem exóticos, diferentes...

O menino do meio era chamado de Palito

por trazer sempre consigo um graveto limpando unhas ou dentes.

Não! Palito não era, apesar do apelido, magrelo

e como os dois irmãos também não era belo.

Sentia-se incomodado com as unhas e boca sujas,

desejava ter a boca bem escovada

e as unhas limpas, transparentes cujas

mãos sonhavam em tocar uma boa viola

para acompanhá-lo na sua cantarola.

CAPÍTULO V – O IRMÃO MAIS VELHO

Como primogênito dos irmãos “sem nomes”

o apelido do mesmo era Pedrito.

Era tão sujo que só várias pedras- pomes

para deixá-lo próximo de bonito.

Por estar mais tempo nesta vida dura

trazia o coração cheio de amargura.

Culpava seus pais por ele ter uma vida maldita,

amabilidade era uma fantasia pura

somente daqueles que não tem a mesma desdita

que ele, vivendo num mundo cheio de ilusão

até o momento em que o infortúnio venha lhe dar a mão.

CAPÍTULO VI – A DEUSA ÍSIS

Sabendo que a vida das crianças não era maravilha

assim como era também triste a vida daqueles pais.

A deusa egípcia Isis, a deusa da família,

resolve interceder por aqueles pobres mortais,

por isto ela vai ao Portal dos Sonhos e Magia

acreditando que seu amigo Grilo Falante poderia

ajudar-lhe a resolver aquela terrível situação.

Chegando lá quase que a deusa se enfarta

ao ver o seu amigo transformado em uma lagarta.

Depois do susto mantém o pedido de ajuda ao seu amigo

que aceita ajudá-la mesmo estando sob castigo.

CAPÍTULO VII – O QUADRADO MÁGICO

A Lagarta Falante entende todo sentimento de dó

que a deusa egípcia traz no seu bondoso coração,

só que o inseto diz que não pode ir só

para cumprir com sucesso aquela missão.

Obtendo da deusa Ísis a branca carta

para lhe ajudar nesta tarefa a Falante Lagarta

pede auxílio as fadas Dos Sonhos, Menina e Azul (sua dindinha),

que ficaram felizes em poder dar uma mãozinha;

enquanto que a tristeza do Grilo Falante pra longe fora,

pois a condição de ser lagarta neste instante o Grilo ignora

porque o inseto se preocupa em ajudar a deusa egípcia agora.

CAPÍTULO VIII – NA HUMANIDADE

A deusa Ísis deixou os seres fantásticos no terreiro

da pobre família, que era um imenso matagal,

naquele lugar seria até costumeiro

ter lagarta e insetos naquele quintal.

Quando os três meninos chegaram da rua, seu segundo lar,

enxergaram no mato a horrível Lagarta Falante

e tiveram o desejo cruel e assassino de nela pisar.

A vontade dos meninos só não foi avante

porque a Fada Azul lançou sua poderosa magia

sobre a Lagarta e sua amiga das crianças protegia.

Os malvadinhos perceberam que algo diferente lá acontecia.

CAPÍTULO IX – TRÊS POR QUATRO

O menino mais velho percebeu que o fato era sobrenatural

se benzeu todo, chegando a sentir muito medo

e para ele a Lagarta falante abriu a boca final

pedindo-lhe para que ele guardasse este segredo.

Os outros dois irmãos tiveram também a mesma sina.

Passando o choque e os meninos cada vez mais curiosos,

foram apresentados a eles as fadas Do Sonho, Azul e Menina

e olhavam para a Lagarta que fala... Nossa!Quanto dinheiro poderia ganhar

só com o raro animal, bastando apenas aquela Lagarta falar

e nesta miséria que eles vivem, jamais iriam ficar!

CAPÍTULO X – O DESEJO DESCOBERTO

Obrigada, Fada Azul, pelo alerta,

as carinhas deles de jeito nenhum me convence.

Pode tirar da cabeça esta ideia, pois ela não dará certa

de me transformar numa incrível atração circense.

A madrasta má da Branca de Neve tentou e se deu mal...

eles esqueceram que venho do mundo encantado e não do mundo real;

eu vim com o objetivo de torná-los felizes

missão esta a mim confiada pela deusa Ísis,

a minha ajuda não será de ter em mim uma fonte de ganhar dinheiro

e sim em mudar o modo de viver seus por inteiro.

CAPÍTULO XI – CONVERSA SINCERA

Como vocês têm oito, sete e seis anos, respectivamente,

é necessário que vocês sejam reconhecidos como cidadãos,

só assim terão os seus direitos resguardados e existirão legalmente

e para isso é necessário que cada um tenha o registro de nascimento em mãos.

Primeiramente, nossos pais terão que parar de beber,

disse tristemente o irmão porquinho caçula,

para que a nossa vida não seja assim tão chula

e a gente possa então atrás dos nossos sonhos correr...

Correto, disse Fada Azul! Mas não é pedindo esmola

que vocês algum dia alguém poderão sonhar a ser,

mas sim através da educação, através de uma boa escola!

CAPÍTULO XII – UMA GOTA DE FELICIDADE

Enquanto a Fada Azul e a Lagarta Falante conversam seriamente e sem frescura,

a Fada menina vinha fazendo uma nova travessura

para alegrar aquele sem colorido e sóbrio ambiente,

remedando a Fada Azul e a Lagarta falante

arrancando risos de todos, virando mais tarde gargalhadas espontaneamente,

chegando a amolecer o coração e a face do irmão mais velho

que de tanto rir ficava igual tomate(vermelho).

pena que naquele instante não havia ali se quer um espelho

a fim de que o irmão mais velho pudesse com os seus próprios olhos ver

que feliz, qualquer um, até ele mesmo pode ser,

mas para isto a amargura do seu peito terá que desaparecer.

CAPÍTULO XIII – OTRABALHO DA FADA DOS SONHOS

Aproveitando-se de que os pais das crianças viviam apagados,

pois eles estavam constantemente sobre efeito da bebida,

a Fada dos Sonhos começou a dar os seus recados

nos sonhos deles de como eles podem melhorar de vida.

Ao acordarem e contarem os seus sonhos e veem que eles foram iguais,

ambos se convencem de que cada vez mais

os seus sonhos não são simplesmente sonhos e sim

de que eles estão recebendo mensagens divinas com o fim

de deixarem de lado aquela vida tão ruim

e possam viver, quem sabe, uma outra realidade

que lhes permitem ir em busca da felicidade.

CAPÍTULO XIV – O NOME DAS CRIANÇAS

Sonhar o mesmo sonho a semana inteira não pode ser coincidência...

com a mesma linda moça alada enchendo-lhe de esperanças...

os pais resolvem por a mão na consciência

e num deste despertar vai ao cartório registrar as crianças.

O mais velho recebeu o nome de Radamés, o do meio Isidro e o caçula Isidoro,

nomes estes que foram ditos pela moça alada dos sonhos de um jeito bem canoro,

mesmo os pais das crianças não sabendo os seus significados,

Obedecendo os seus sonhos esse foram os nomes aos filhos dados.

Todos os três nomes possuem os seguintes significados e raízes:

Radamés (egípcio) = filho dos deuses; Isidoro e Isidro (gregos) = dádiva de Ísis.

A nova esperança dos pais era de que a vida de seus filhos tivesse novas diretrizes.

CAPÍTULO XV – PESADELO

Dois dias seguintes, os pais das crianças tiveram o seguinte pesadelo...

quando eles foram secamente beber um copo de cachaça

viram o líquido se transformar em algo horrendo, que qualquer um rechaça,

chegando a arrepiar do corpo todo o cabelo;

do vasilhame da bebida saía uma Lagarta Falante

com um olhar monstruoso e dizia num tom delirante:

quando você toma “da água que o passarinho não bebe”

é a mim na verdade que o seu corpo recebe

e uma vez alojado no seu interior, a cada gole

que você dá, a minha boca um pedaço da sua saúde engole

e depois lá na frente vem a morte que o console.

CAPÍTULO XVI – ADEUS AO MUNDO DO VÍCIO

Abandonar a bebida é a nova decisão a ser tomada

porque os pais das crianças ficaram impressionados de tal maneira

com o pesadelo que resolveram não beber mais nada

que tivesse álcool, para não tornar verdadeira

a profecia dada pelo mundo onírico,

mostrando-lhes que o fim dos mesmos será trágico e não lírico.

Como parar de beber não é uma decisão fácil, pelo contrário difícil,

os dois resolvem abandonar o ócio e para não ficar vulnerável ao vício

vão trabalhar. A mãe vai trabalhar de diarista,

o pai, como tem carteira de habilitação, de motorista,

além de “pegar como bico o serviço” de eletricista.

CAPÍTULO XVII – O FIM DA MARGINALIDADE

Vendo que aquela família está mudando de verdade,

o presidente da associação do bairro convoca a comunidade

para ajudar a família dos meninos Isidro, Isidoro e Radamés,

e todos propõem ajudá-la para que ela não caia outra vez.

As vizinhanças lhe dão água, cestas básicas e roupas usadas,

festanças na comunidade foram organizadas

para que essa família possa pôr suas contas de água e luz em dia;

enquanto a Fada Menina vai distribuindo alegria

àquelas crianças que antes da chegada dela nada disto conhecia.

A Fada Azul vai acompanhando a todos e tudo bem atenta,

já a Lagarta Falante vendo seus planos dando certo se contenta.

CAPÍTULO XVIII – DE VOLTA À DIGNIDADE

Água em casa, luz também. Agora podem ouvir rádio e ver televisão.

A situação dos meninos nunca estivera tão legal!

Na casa deles já não estava faltando mais pão

e o terreiro estava bem limpo, não havia mais o matagal.

As crianças estão matriculadas na escola e os pais agora trabalhando,

o grupo dos Alcoólicos Anônimos a família está de perto acompanhando.

A missão dos nossos amiguinhos já está bem no final

pouquíssima coisa agora existe para fazer.

A Lagarta Falante pede gentilmente à Fada dos Sonhos fornecer

belos sonhos e o mundo inteiro naquele momento adormecer,

mesmo não tendo explicação atende ao amigo sem nada entender.

CAPÍTULO XIX – RETORNO D DEUSA ÍSIS

A deusa Ísis aparece de repente, vê tudo praticamente solucionado,

fica orgulhosa e muito feliz das amigas terem êxito na missão.

Cada menino daquela família não mais de porquinho será chamado

e os pais dela para o vício da bebida voltam mais não.

A Fada menina toma a palavra e diz de forma tão descarada:

- Ei, deusa, você mesma que veio lá do alto, do céu,

tá na cara que a senhora não é o Papai Noel,

mas não dá para dar brinquedos para a garotada?!

As Fada Azul, dos Sonhos e a Lagarta Falante pedem desculpas à deusa egípcia.

Ísis disse que não há do que desculpar e achou a ideia uma delícia

e que este será o jeito de dizer às amigas MUITO OBRIGADA.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 05/01/2010
Reeditado em 06/01/2010
Código do texto: T2013177