Poetar...
Do meu poetar cansado
Sobraram palavras tantas
Silêncios outros que não me cabiam
Um olhar desgastado
Crises tamanhas
E sorrisos que desafinam
Além do horizonte sem cortinas
Além do que pode alcançar meu olhar
Um fio de esperança escorre
Emoldurando na tarde das retinas
Algum verso a vagar
Pela noite que no dia morre
E das gotas peroladas
Encharcadas do teu olhar
A minha saudade adoeceu
Rasguei nos lábios as madrugadas
Aportada no teu alegre bocejar
Um sonho que feneceu
Aposentei no baú as palavras
Metros de ilusões quebradas
Pra olhar simplesmente para o nada
Deserta sobre essas brasas
Nas horas desalentadas
Onde se perpetua o nada