Erós
Dói...
Dói demais
Essa vacância,
Nesse litoral.
Essa ânsia,
Dessa janela,
Essa dor,
Esse calor,
Esse nunca mais.
As músicas, as roupas,
O cheiro... O beijo na boca.
Europa, Itália, paredes,
Paredes... Raízes de uma alma perdida.
Num tempo sem Romeu ou Julieta,
Que embora verbe-se em vão,
Foi à loucura da paixão...
Um pecado social,
Um amor perdão,
Que condenado ficou encarcerado
Nos olhos das pessoas mundanas
E no preconceito da razão.
Não é a dor...
Que grita;
Não é o corpo que morre,
Mas a falta perdida,
Que pulsa;
Que consome irrestrita.
Numa saudade única,
Que araza, que marca e que fica.
Seja de noite, ou seja, de dia.
Tudo perdeu o sentido,
Não há mais um só lugar,
Que a vida traçou,
Cujo sentido não tenha se perdido,
Sem nos dois.