Erós

Dói...

Dói demais

Essa vacância,

Nesse litoral.

Essa ânsia,

Dessa janela,

Essa dor,

Esse calor,

Esse nunca mais.

As músicas, as roupas,

O cheiro... O beijo na boca.

Europa, Itália, paredes,

Paredes... Raízes de uma alma perdida.

Num tempo sem Romeu ou Julieta,

Que embora verbe-se em vão,

Foi à loucura da paixão...

Um pecado social,

Um amor perdão,

Que condenado ficou encarcerado

Nos olhos das pessoas mundanas

E no preconceito da razão.

Não é a dor...

Que grita;

Não é o corpo que morre,

Mas a falta perdida,

Que pulsa;

Que consome irrestrita.

Numa saudade única,

Que araza, que marca e que fica.

Seja de noite, ou seja, de dia.

Tudo perdeu o sentido,

Não há mais um só lugar,

Que a vida traçou,

Cujo sentido não tenha se perdido,

Sem nos dois.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 07/01/2010
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