Renúncia
Numa velha canção inglesa
Em poemas censurados de um russo
Ou mesmo num samba de Buarque
Há um pouco disso tudo
Neles vivem dois mundos
Entregues `a vida e `a morte
Em festas de batizados
Em reuniões de sindicato
Renúncia!
A par do que iria acontecer
Poetas ora bêbados e esquecidos
No louvor psicografado de Lennon
Todas frias e chuvosas manhãs de Morrison
Ou mesmo no balbuciar cansado de Elis
Na vida esta comum de cada um
Sou um homem casado
Mas agora estou separado
Renúncia!
O que quero dizer em pequenas versejos
Estes sem rumo, ritmo e todos surdos
É o quê você quer sentir de real
Enm camas quentes de cetim
Na resistência de Ofélia
Naquele talento nato de Anísio
Estamos sentando pra não cair
Todos hoje ficando pra não partir
Renúncia!
Ao cristianismo na guerra santa
`As leis da ordem no Rio
Ao músico em um braço amputado
Ao ovo em um pio
`A virgindade em um motel qualquer
Toda sanidade numa crise de um "pinel"
Aquela inocência pura em uma rua escura
`A vida quando é chegada a morte
Renúncia!
(1993)