Sou aquele
Dos românticos, sou o último;
Sou poeta, sofredor.
Sou dos que fazem do sonho a realidade,
Do amor a eternidade
Da vida a infelicidade,
Prisão do meu eu abandonado.
Nos bares que nunca entrei,
Percebo felizes casais de namorados,
Pobre utopia, felicidade preste a tornar-se sofrimento.
Tudo é passagem, tudo é engano,
Com exceção de meu sofrimento, meu abandono,
Medo de perder, nunca vencer,
Cair no esquecimento.
Sou sonhador, pensador solitário,
Tomado pelo vazio enorme,
Como enorme é o medo da derrota.
Sou aquele amante solitário,
Eterno apaixonado,
Longe da mulher que amo
E pela qual tanto clamo;
Sofro calado e mais me apaixono.
Sou o que sou.
Sou aquele eu busca na morte a solução,
No infinito, a salvação,
Na mulher amada, o desejo de ser feliz.
Sou aquele que sonha acordado,
Que contempla a luz, flores,
Pássaros cantando; céu estrelado.
Sou aquele que anda sem rumo,
Que grita pelo mundo,
Que chora feito criança
E trás vivo na lembrança,
O sorriso da mulher amada.
Sou aquele vencido pelo medo,
Inseguro pelas circunstancias,
Que acha encontrar na morte a libertação.
Enfim, aquele que apenas deseja ser feliz.