DE LOBEIRAS, LOBOS E SAUDADES

DE LOBEIRAS, LOBOS E SAUDADES...

As lobeiras em flor eram promessas de saciedade.

Frutos cheirosos e apetitosos ao paladar dos lobos

Matariam a fome daqueles canídeos que por ali proliferavam.

Diziam que era esta a origem para o nome da vila: Bairro Berra lobo...

Para os moleques do meu tempo, serviam às vezes de bola de futebol.

Bola dura que machucava o pé ao ser chutada e arrancava unhas pela raiz

E fazia a festa da meninada, que feito uma alcateia vagava pela serrinha

Vagabundeando, caçando passarinhos, pegando éguas e vivendo felizes.

Hoje não há mais lobeiras nem lobos, muito menos meninos jogando pelada...

Os tempos mudaram. A toda poderosa destruiu a natureza e levou para sempre as lobeiras,

Lobeiras que floriam e traziam esperança de alcatéias vagabundas e famintas.

Olhando para isso tudo, o velho coração salta no peito como a perguntar:

O que se há de fazer sem lobeiras, sem lobos, sem meninos

E uma bruta saudade no peito a maltratar?

Para o amigo Toninho de Dona Ester que deu o “mote” inspirador

11.01.2010

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 12/01/2010
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