Adeus em Cena

Quis certa feita, o cabo ser enxada

Corveta ser fragata,

Eu, aristocrata.

Quis o pincel ser tela,

Avenida, aquarela

A bela ser a fera.

Quis o piano ser desgosto

O barítono, alvoroço

Meu princípio, o teu moço.

No mundo da planta preta,

Tece o porto, afago da peia

O recôndito supro, a meia.

Nossa idade que nos furte a alma

Nem que seja,

Equinócio em dobra calma.

Que nos clama,

Que nos cita,

Que nos possibilita

(no minério da barca)

Sair de cena.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 26/07/2006
Reeditado em 29/07/2006
Código do texto: T202675
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