Soneto da (de)composição
Murmuro, pois, ao cárcere que assiste,
A viração dorida, qual ao sepulcro, imita,
Ai! O bálsamo desta queixa inaudita,
Mantém desperta minha pestana triste.
Enaltecida, torno, esta lograda folha,
Nela repouso a mão fria, o olhar deserto.
Que restará do engenho neste calcar incerto,
Se nada se cria que a morte não colha?
De palor me cobre, o peito, em fina bruma,
A agonia distinta, ainda que olvide, esmaeça,
Transborda-me feito colérica espuma.
Se n´alguma ventura, a brasa em mim feneça,
Deixai-me um resquício, sequer cousa alguma!
E no ventre da terra me abandone e esqueça!