Soneto da reflexão

Você na escuridão, sob o manto enegrecido.

A pronuncia atônita, de tua voz aniquilada,

Reproduza-a, em teu inverno, em tua calada.

Teu viver furtivo é, ainda, de ti desconhecido.

Fala desta chaga, que a teu sonho fácil elidiste.

Lembra que houve a hora exata de tua afasia.

Que para viver não há escolha. Ossos. Embolia...

Não deitaste no horto manso. Tu não regrediste.

Cega-te, que vejo meu reflexo nos cumes ópticos.

Confia, tua figura sincera, eu sim, a reconheço.

Os sonhos são mortais, sempre evadem despóticos.

Vês? Olvido de estar viva, mas sempre amanheço...

Caminho neste vale de sonhos mortos, psicóticos...

E quanto mais caminho, tanto mais eu apodreço.

Myrna RRP
Enviado por Myrna RRP em 26/07/2006
Código do texto: T202798