Soneto da reflexão
Você na escuridão, sob o manto enegrecido.
A pronuncia atônita, de tua voz aniquilada,
Reproduza-a, em teu inverno, em tua calada.
Teu viver furtivo é, ainda, de ti desconhecido.
Fala desta chaga, que a teu sonho fácil elidiste.
Lembra que houve a hora exata de tua afasia.
Que para viver não há escolha. Ossos. Embolia...
Não deitaste no horto manso. Tu não regrediste.
Cega-te, que vejo meu reflexo nos cumes ópticos.
Confia, tua figura sincera, eu sim, a reconheço.
Os sonhos são mortais, sempre evadem despóticos.
Vês? Olvido de estar viva, mas sempre amanheço...
Caminho neste vale de sonhos mortos, psicóticos...
E quanto mais caminho, tanto mais eu apodreço.