Compaixão

Garotos Pobres, sofridamente

Rezando em uma catedral!

Das chamas acendem, velas pra Santos,

O qual lhes é igual!

Bocas no trombone!

Santos pobres querem falar:

Você acendeu a minha vela,

E eu tornei a soprar.

Era chuva no peito

Como premonição de morte;

Crianças sem respeito,

Destinos lançados a sorte.

A roda que é a vida

De uma pobreza a qual lhe é destino,

Sem um leito noite ou dia,

Seu surtido caminho.

E a criança diz:

-Compre um de meus chocolates,

Para ajudar minha mãe meretriz,

Que hoje doente se recolheu;

Sem se esquecer da chuva,

Esqueceu que existo eu...

Esqueceu que o dia acaba,

Na noite passada se vendeu...

E como se não bastasse,

Fez algo que mais me doeu;

Como ela estava doente,

Quem foi vendido, fui eu!

Sentido por tanta angústia

Para um santo eu rezei;

Mas vi que com minhas lágrimas.

Sem querer sua vela apaguei.

Dizem:-"Aquele Santo ajuda aos pobres";

E em minha pobreza me revelei,

Diante da imagem sagrada

Meu triste horror lhe contei.

Contei da violência,

Que me feriu sem razão;

Pois sei que sou fraco,

Vazio, perdido na multidão.

Hoje fui eu, apenas um,

Amanhã será meu irmão;

O dinheiro deu pros adornos,

Mas, não deu para o pão.

-Não sei se rezo pra Deus,

Esse fica parado,

Vendo minha situação.

Ou se clamo o Diabo,

O qual é peste, frio,

Sem coração.

Deus ficou espantado,

Triste, cansado,

Sem ação!

E o Diabo, não sei se existe...

Se existe, chorando rezou,

Mostrou emoção!!!

Bornny

1996

Bornnye
Enviado por Bornnye em 27/07/2006
Código do texto: T202814
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