Aquarius

Do firmamento despejam litros infinitos de estrelas

sobre nossas cabeças

Parecem pairar no cosmos como lamparinas

nuvens carregadas de sóis

Nossas antigas perguntas sem respostas

sobre nossas cabeças

Nunca poderemos alcançá-las

tocá-las

Eras e eras passaram-se desde então

nunca saímos daqui

Não nos permitiram ascender à elas

condenados ao chão

À espera da chuva astral, a grande tempestade

Atemporal

O que poderia existir depois de tamanha limpeza

O vazio?

Hórus, Shiva, Buda, Krishna, Mitras, Cristo

Incontáveis solstícios

nos apontaram sempre o mesmo caminho

e nos perdemos

continuamos caminhando rumo à nosso derradeiro

Precipício

Sem percebermos que nosso tempo passa

zeitgeist irrefreável

Nos tornamos perigosos pela falta de sentido

falha na comunicação

O inexorável se torna a única opção disponível

para nós

Aberrações céticas do Universo, divinos ao inverso

cegos suicidas

Não podem ver além dos véus que criaram

não podem ver

Que os sete céus já desabaram há tempos

sobre nossas cabeças...