Não quero acordar
Hoje eu nem queria acordar
Acordar pra que?
Pra não te ver?
Melhor dormir e sonhar
Sonhar que todo dia é aniversário
E que o resto é secundário
Mas não consigo dormir
A vida real me desperta
Então a saudade aperta
Consigo nem mesmo sorrir
Ficar acordado não presta
Mas é só o que resta
Tento, tento, tento
Mas o sono não se aproxima
A dor do acordar me lacina
Que quase eu não agüento
Queria me fazer mais perto
Estar dessa dor liberto
Também queria não ter despertado
Mas lembro daquele ditado:
"O que não tem remédio está remediado"
Então prossigo, e sigo sonhando acordado
E sonho que o meu coração
Eu lhe entrego pessoalmente
Embalado para presente
Um lindo pacote e um cartão
Mas acordo novamente
E continuo tão distante
Como entregar meu presente?
Meu coração de amante
Só se eu usar outros meios
Quem sabe, pelos Correios?
Ah! Se aquele carteiro
Andasse com passo ligeiro
E não fosse tão indolente...
Flávio Sant'Ana Lopes
27/07/2006