Aborto

Dispa-me do seu corpo...que ele

já não lhe serve

Essa medida acho que nunca me valeu

O seu corpo esfriou...e o meu ainda ferve

Não mais existe você e eu

Sobraram espaços entre os braços

Tuas mãos não alcançam minha cintura

Soltaram-se os alinhavos dos pedaços

Depois dessa conversa linha dura

O que já andava desbotado

Esmaeçeu de vez

Porque já havia esgotado

Na minha tez

Toda tinta da sua pele na minha tatuada

Não deixe os cacos embaixo o tapete

Nem leve a alma amargurada

Os lanhos dessa nossa parede

Não interessa a quem vai entrar

Leva suas dores e sua falas

Esqueça o meu tartamudear

Não é mais em mim que calas

O seu senhorear...

Anoiteceu entre nós dois

E essa pele não nos cobre o corpo

Nem agora e nem depois

Somos barcos longe do porto

Carentes

E sobreviventes

Desse amor em aborto...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 28/05/2005
Código do texto: T20334
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