Um beijo na chuva

As nuvens cobriam o céu,

Numa negra coloração,

Formando um estranho véu,

Diferente de qualquer compilação...

O vento soprava forte,

Como uma premunição,

De quem, à mercê da sorte,

Espera por uma ocasião...

No meu caso, a tua aparição,

Com a hora do momento marcado...

Mas a demora rouba-me a razão,

Então não sei se estará ao meu lado...

Até que a chuva começa a cair,

Molhando meu corpo aqui parado,

Não sei se espero, ou se devo ir,

Só sei que permaneço aqui calado...

Porque meus pensamentos falam,

E deixam escapar momentos de ti...

São momentos que não se calam,

Momentos que até nem vivi...

Como relâmpagos no céu escuro,

Que o rasgam, e parecem ferir...

E se for dessa maneira, eu juro,

Prefiro até deixar de existir...

Contudo, continuo esperando,

E a chuva aperta, querendo inundar,

O mundo parece estar desabando,

E eu não saio desse lugar...

A espera de um beijo molhado,

Salgado pela chuva em nosso rosto...

Num desejo mais que anunciado,

Num sentido mais que composto...

Então, deixa chover,

Deixa o seu corpo molhar,

Pois se resolver aparecer,

Eu estou aqui a lhe esperar...

Com hora e momentos marcados,

Com saudades e imagens gravadas,

Que na memória, estão bem guardados,

E que jamais serão apagadas...

Então espero seu beijo molhado,

Salgado pela chuva que precipita em mim,

E Deus me livre deste pecado,

Se por ventura esse amor chegar ao fim...

Ante isso, deixarei também de existir,

Afogado e sem ressurreição,

E toda vez que a chuva cair,

Serão como lágrimas de meu coração...