O MUNDO DO POETA

Ao poeta restaram as palavras...

Poéticas, proféticas, amorosas, raivosas,

Tristonhas, bisonhas, intrusas, reclusas,

Palavras de euforia.

Palavras de alforria.

Palavras que libertam, acobertam,

Ofendem, matam, desmatam.

Palavras que constroem e destroem.

Que correm com os ventos e os eventos.

Palavras que param estagnadas,

Paralisadas, sussurradas.

Palavras que desafiam, fiam.

Palavras que anoitecem e amanhecem,

Com o mesmo tom indignado,

Com a mesma cara lavada.

Palavras como véu transparente

Ou como mortalha deprimente.

Palavras faladas com louvor

Ou gritadas com horror.

Benditas, malditas, ditas.

Palavras pensadas, repensadas.

Palavras inconseqüentes, delinqüentes.

Palavras molhadas, geladas.

Pueris, sutis, profundas, fecundas

Resolutas, impolutas,

Indecisas, incisivas,

Pertinentes, insolentes.

Arrogantes, intrigantes,

Destrutivas, emotivas,

Emproadas, emboladas,

Pacifistas, belicistas.

Pensando bem, ao Poeta

Restaram todas as palavras

Não lhe faltou nada... nada

João Drummond

João Drummond
Enviado por João Drummond em 18/01/2010
Reeditado em 19/01/2010
Código do texto: T2037531
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