Olhos que gritam...

Olhos que gritam

Com lápis, papel e vontade,

Os contornos que guardam meu auto-retrato.

Na tela sorrindo, um riso preso na imagem,

Distante realidade, antigo momento pintado por mim...

__Esquecido na tela, esquecido o ato!__

Num canto do meu quarto.

Me vêem uma felicidade efêmera,

Como os que minha alma ingênua,

Transcreve e desenha...

E uma saudade me invade,

De um tempo sem volta,

Meus desenhos sulreal ...

Em minha realidade tão banal!

Desmascarando o grafite,

Minhas lágrimas rolam na face,

E mancham o papel,

E o sorriso distorce,

Junto com meus sonhos...Minha sorte!

As linhas demarcam meu ir e vim,

Mais sou grata a Deus,

Pelo dom que me deu.

Consigo escrever, tortas linhas eu sei, mas minhas.

E pintar com as cores que brotam de mim,

Meus amores,meus medos, decepções,enfim, meus momentos...

Assim não me sufoca as emoções,

Felicidades...Essa dor que dilacera corações

E morrendo um amor, outro renasce tão fênix...

Com lápis, papel e vontade,

Expurgo a tristeza na tela, nas linhas...

__Me desnudo é verdade!__

Mais como cupido diz as ninfas:

__Sou criança, dai-me um beijo, ter vergonha é bobagem!__

E meu coração aceita essa vontade de se exibir,

E perco o medo de que alguém enxergue

Minhas mazelas nas linhas, na aquarela...

Afinal, ao poeta é dado a vazão das palavras,

Nunca a compreensão da alma...

E passa despercebido meu melancólico olhar,

Meus lábios, num sorriso juvenil,

Eclipsam meu desassossego contido nos olhos,

E com lápis, papel e vontade,

Em vertiginosas linhas,

Minha alma se mostra.

Minha auto-imagem...Se esboça,

Solitária e feliz,

Num sorriso, que não diz da minha tristeza

Pois quem grita são meus olhos!

E esses, a luminosidade do riso...Apaga!

Observadora
Enviado por Observadora em 29/07/2006
Reeditado em 29/07/2006
Código do texto: T204445
Classificação de conteúdo: seguro