Entre ladrões e vagabundos
Sem destino e louco
Sigo luzes
Por entre homens que dormem
E ancoro em casas
Cujos inquilinos suspeitos
Com suspeita me olham
Que faz este louco,
Entre ladrões e vagabundos?
Este louco que o néctar do esquecimento
Quer ser ladrão
Quer ser vagabundo
Se entorpecer de tristeza
Se afogar em mágoa
E rir do óbvio
Mas é chegada a hora
E sigo sem destino
Cambaleante
Torno-me invencível
Compassivo e cruel
Sigo luzes
Dou gargalhadas
Desabo em pranto
Vejo homens que aquecem
O frio de minha desgraça
Homens que são notícia
Mas sobre os quais
Ninguém quer notícia
Homens que esqueceram suas humanidades
Paisagens urbanas
Sigo luzes
E por vezes
Luzes me seguem
Ancoro
E entre ladrões e vagabundos
Dialogo com monólogos
Meu sorriso é juiz constante
Pois que o néctar do esquecimento
Tornou-me brilhante
Mas é chegada a hora
Preciso voltar
Pois entre tanta dor
Sinto ainda mais forte
O amor de quem me ama
Daquela que se encanta com minha lágrima
E implora por minha carne
Que sente minha dor
Que deita com meu pecado
Não pergunta
E entre infinita melancolia
Fecha meus olhos
E admira meus sonhos