Entre ladrões e vagabundos

Sem destino e louco

Sigo luzes

Por entre homens que dormem

E ancoro em casas

Cujos inquilinos suspeitos

Com suspeita me olham

Que faz este louco,

Entre ladrões e vagabundos?

Este louco que o néctar do esquecimento

Quer ser ladrão

Quer ser vagabundo

Se entorpecer de tristeza

Se afogar em mágoa

E rir do óbvio

Mas é chegada a hora

E sigo sem destino

Cambaleante

Torno-me invencível

Compassivo e cruel

Sigo luzes

Dou gargalhadas

Desabo em pranto

Vejo homens que aquecem

O frio de minha desgraça

Homens que são notícia

Mas sobre os quais

Ninguém quer notícia

Homens que esqueceram suas humanidades

Paisagens urbanas

Sigo luzes

E por vezes

Luzes me seguem

Ancoro

E entre ladrões e vagabundos

Dialogo com monólogos

Meu sorriso é juiz constante

Pois que o néctar do esquecimento

Tornou-me brilhante

Mas é chegada a hora

Preciso voltar

Pois entre tanta dor

Sinto ainda mais forte

O amor de quem me ama

Daquela que se encanta com minha lágrima

E implora por minha carne

Que sente minha dor

Que deita com meu pecado

Não pergunta

E entre infinita melancolia

Fecha meus olhos

E admira meus sonhos

Bernhard Schmitz
Enviado por Bernhard Schmitz em 29/07/2006
Reeditado em 18/04/2007
Código do texto: T204661