A Casa abandonada III Amarela
Toda amarela, a casa, abandonada.
Gótica, no esquecimento, deixamos as pedras,
Deixamos a cor, faz-se agora a inauguração.
Vieram fanfarras, em festa, como não havia,
E precisava-se a estimativa de quando for grande.
Todos por um, um por todos, agora a família.
Pintámos da mesma cor os quatro quartos,
Amarela sem nos lembrarmos que era a mesma cor,
Parece que só lavámos a conversa, limpámos os verbos,
Já não precisamos daquela felicidade, amamos a nossa solidão.
Parece o jornal, a taberna, o Sr. João. As conversas
Redondas, as de agora com cantos , um redondo- rectangular
Para levar mais porrada, já não precisamos de corar.
O pai, na pirâmide, que se lixe vou fazer igual.
Todos com lugar, agora vivendo em caixinha.
A casa é um lugar, um sítio do coração,
Não é preciso aviar, compra-se hoje a creditar,
E não vem nada dessa lua inclinada, desse escorregar,
Dessas paixões constantes, desse ferver do tempo,
Fazer juras como a mulher elefante,
Já uma moda diferente, em cinema áudio Portugal.
Não precisamos desse lugar, há muito esquecemos com toda a razão,
É pena é o meu filho morrer, sem ver o seu novo pai
Fazer lembrar à irmã a cor,
É nas pressas, que a Psicologia se torna activa,
O mar pode ser um lar,
Fui buscar a casa amarela, aquela que todos abandonaram