nudez
a pele rubra
ainda que não saciada
nos matizes inconstantes
vorazes e sem costumes
revela-se cada vez mais densa.
é tudo tão sem instinto
e sem instinto perpassa
na sede insana e prolixa
essa errática criatura
de ventre aceso
e infinito pudor...
quando adormece calada
a pele rubra
ainda nega e não sabe negar
o vício que a contém
traz nas entranhas seguras
calada na noite fria
um quê de boca vazia
um hálito de beira-(a)mar
e todo infinito é desejo
por entre sussurros sutis
é fogo que muda o rumo
é vento entre lençóis
sem mágoa, só pele, só canto
no breve da vida vadia
procelas do dia-a-dia
espera madrugada chegar...