nudez

a pele rubra

ainda que não saciada

nos matizes inconstantes

vorazes e sem costumes

revela-se cada vez mais densa.

é tudo tão sem instinto

e sem instinto perpassa

na sede insana e prolixa

essa errática criatura

de ventre aceso

e infinito pudor...

quando adormece calada

a pele rubra

ainda nega e não sabe negar

o vício que a contém

traz nas entranhas seguras

calada na noite fria

um quê de boca vazia

um hálito de beira-(a)mar

e todo infinito é desejo

por entre sussurros sutis

é fogo que muda o rumo

é vento entre lençóis

sem mágoa, só pele, só canto

no breve da vida vadia

procelas do dia-a-dia

espera madrugada chegar...

Marco Carneiro
Enviado por Marco Carneiro em 30/07/2006
Reeditado em 02/08/2006
Código do texto: T205371