*Rosa Rompida
Encontrei num livro antigo, ou melhor, no HD de meu computador, esta poesia inédita que fizemos em maio de 2007: Margarete Jung, Obed de Faria Junior, William E. Silva e eu. O resultado publico aqui, com a anuência dos seus co-autores.
(Menos do ausente William, que sumiu nas entrelinhas...)
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Rosa Rompida
(Margarete Jung, Obed de Faria Jr, Vany Grizante, William E. Silva)
Rosa rompida repousava
num jorro d’água no jarro.
Resta da rosa um resíduo,
pétala que ora reside
rente ao rasgo do livro roto.
Reviro minhas memórias
e a rosa está lá
presa em meus cabelos.
Uma rosa branca roubada por ti
em um de nossos pueris passeios.
Lembro-me de como
furtivamente
pegavas-me a mão,
os corações acelerados...
Tantas lembranças
me trazem agora
esta pétala de rosa
esquecida em um livro
e que um dia esteve
perfumando-me os cabelos.
Caiu de dentro do livro
a única pétala que sobrou
da branca rosa de um dia,
que um dia foi rosa e perfumou.
Um tanto amarelada,
agora ressecada...
Qual o sentido, a razão
da pétala ali guardada?
As páginas nada dizem.
As palavras não explicam.
A pétala, que um dia
a uma rosa pertenceu,
é que guarda dentro de si
todos os sentidos
de todas as histórias
de todos os livros.
(Mas os livros não contam
os versos que li:
Em pleno espetáculo,
em plena arena,
em esplêndida tarde de Madri,
o toureiro, ao olhar para a platéia,
baixou a guarda.
A espada e a capa soltas no calcário.
A platéia à espera,
o touro à espreita,
com dois sabres à testa.
O jovem
se inclinou até o chão,
pôs uma rosa entre os dentes.
Sorria.
Suava.
No meio da multidão,
ele havia encontrado o amor.)
A rosa de amor flagrada
Nos dentes do toureiro?
A rosa branca roubada
Naquele pueril passeio?
Ou a pétala ressecada
No livro que eu não leio?
Rosa rompida repousava
num jorro d’água no jarro.
Já ressuscita, já ri-se e incita,
já rumina a seiva bendita.
Já ruma, enfim, deisarosa...
já não é grandeza e rosa.
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Encontrei num Livro Antigo...
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