LEMBRANÇAS
Encontro-me as vezes com a esperança
Pensando talvez na sua solidão
Garbosa árvore que não foge a lembrança
Os galhos esparramados sombreando a ilusão
Terra fértil explorada com a mão,
Um grito, um vaqueiro e volto a realidade
As lágrimas pouco a pouco rolam pelo chão
E o meu peito enche-se de saudade
Quanta terra morta de cansaço
Pisada, dragada, cortada pelos tratores
Não há casas, não há mais terraços
Só existe a fumaça dos motores!
Não vejo, também, no curral o gado
Nem as aves ciscando pelo chão
Vejo sim lá no canto um arado
Gritando pelo seu passado
Fazendo cortar o meu coração!