Contra a Maré

Sou um estranho amor

Mais que ilusão

Menos que paixão

Sou contrária a tudo o que é normal.

Quando devo esconder, exponho-me

Quando querem que eu me vista, me desnudo.

Quando querem que eu grite, me calo.

Invento-me, inverto-me

E vivo às avessas.

Procuro sorrisos

E às vezes

Olhares que domam meus afetos.

Na solidão dos meus passos,

Sinto um louco querer

Um deleite.

Sorvo-me por inteira

Faço planos

Giro em volta da vida

E até rio disso.

Mas no fundo me encontro...

A abandonar o que esperava

Pará buscar o que não veio.

(Mérci Benício Louro).