Reflexões de um domingo à noite

Que mente porca. Quem mente torta.

Que doença, que falta de crença.

Que vida morta!

Lança-me no buraco! Passame do parapeito!

Que essa corda é frouxa demais

para fazer pender a cabeça dura que tenho.

Irretratável, irrefugante, intolerável.

Vil, sorrateiro desgraçado.

Ancorado no lodo enlamaçado

dos inglórios abastados. Insuportável.

Já disse: lança-me!

Que a vontade já me sobra,

mas a coragem já me foge.

Mata-me! Que essa vida é já tão ruim de se viver...

Fernando em Pessoa
Enviado por Fernando em Pessoa em 03/02/2010
Código do texto: T2066631
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