Queres parecer discreto dentro da tua concha
Queres parecer discreto dentro da tua concha
Julgas passar por entre a multidão e ninguém notar
Pensas que o mundo ignora a tua insanidade e
Por magia soltas a serpente da tua mão frívola.
Sai de onde julgas que não te vêm e enfrenta a luz
Do dia que te impede de ver os nós na tua garganta.
As palavras que proferes são essências de raiva e
A tua mente mostra o terrível devaneio do teu coração.
Tu que sorris ao teu amigo debaixo da inveja camuflada
E alimentas os teus instintos cada vez que alguém chora
Tu que roubas sentimentos em troca de lágrimas de dor
Cessa a tua existência em nome da continuidade!
Semeias sonhos e procuras colher os seus destroços
Tu transpareces em cada gota de veneno derramado,
És a mentira das noites de luar e a sombra do sol
Sentes medo daqueles que já não vivem como tu
Porque atiraram pela janela a alma ferida de amar
Eles usaram a dor para criar um novo caminho
Enquanto tu só fazes dela um atalho sem rumo
Os teus gestos de amor são falsos como tu
Os teus passos tendem a espezinhar sem distinção
E caminhas nas ruas da amargura e da mentira
Deixando um rasto de desprezo por quem humilhas.
Serias mote para um poema macabro e carpido
Repleto de palavras plangentes e sombrias
Que só alguém como tu poderia querer ler.
Poderias cavar a tua própria sepultura mas
Preferes ir cavando as dos que se cruzam contigo.
Quando morreres serás alimento dos que comem
Veneno para se conseguirem assemelhar-se a ti
E assim a tua espécie será para sempre uma forma
De representar todos aqueles que amam e se ferem,
Aqueles que se magoam e não conseguem mais sorrir
Todos os que vivem na escuridão e não procuram a luz
E o seu único erro foi terem um dia amado de verdade.