Queres parecer discreto dentro da tua concha

Queres parecer discreto dentro da tua concha

Julgas passar por entre a multidão e ninguém notar

Pensas que o mundo ignora a tua insanidade e

Por magia soltas a serpente da tua mão frívola.

Sai de onde julgas que não te vêm e enfrenta a luz

Do dia que te impede de ver os nós na tua garganta.

As palavras que proferes são essências de raiva e

A tua mente mostra o terrível devaneio do teu coração.

Tu que sorris ao teu amigo debaixo da inveja camuflada

E alimentas os teus instintos cada vez que alguém chora

Tu que roubas sentimentos em troca de lágrimas de dor

Cessa a tua existência em nome da continuidade!

Semeias sonhos e procuras colher os seus destroços

Tu transpareces em cada gota de veneno derramado,

És a mentira das noites de luar e a sombra do sol

Sentes medo daqueles que já não vivem como tu

Porque atiraram pela janela a alma ferida de amar

Eles usaram a dor para criar um novo caminho

Enquanto tu só fazes dela um atalho sem rumo

Os teus gestos de amor são falsos como tu

Os teus passos tendem a espezinhar sem distinção

E caminhas nas ruas da amargura e da mentira

Deixando um rasto de desprezo por quem humilhas.

Serias mote para um poema macabro e carpido

Repleto de palavras plangentes e sombrias

Que só alguém como tu poderia querer ler.

Poderias cavar a tua própria sepultura mas

Preferes ir cavando as dos que se cruzam contigo.

Quando morreres serás alimento dos que comem

Veneno para se conseguirem assemelhar-se a ti

E assim a tua espécie será para sempre uma forma

De representar todos aqueles que amam e se ferem,

Aqueles que se magoam e não conseguem mais sorrir

Todos os que vivem na escuridão e não procuram a luz

E o seu único erro foi terem um dia amado de verdade.

marta neto
Enviado por marta neto em 01/08/2006
Código do texto: T206687