Na fome do beijo

No outro lado do mundo

tu

inteiramente ávida de prazer.

Gruta virgem esquecida nua

à luz da noite apagada

numa vertiginosa ânsia fria e crua.

Quando ao peito te aperto a sombra

de encontro ao meu esquecida

sinto os meus dedos que agarram o espaço

vazio

do teu corpo irrevelado.

Arrefecem-me os sentidos

porque te sinto eternamente morta

na distância inalcançável

do limite do tempo.

Fora de ti existes tu

e o mundo

e a esplêndida violência do teu cio

por nascer.

O teu regaço, quando quer, destrói o poema

e a luz do beijo inocente e puro

e o hálito

e o perfume da alma no primeiro sorriso.

As estrelas testemunham a minha loucura…

Na carne e no tempo que perdi

as mãos sustêm a fome

e dormem no silêncio da fonte

que lateja de prazer.

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Poema 6. de "derribem do corpo as flores"

Publicado no Jornal "Rostos"

Alvaro Giesta
Enviado por Alvaro Giesta em 04/02/2010
Código do texto: T2068861
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