Pedaços de poemas de "derribem do corpo as flores"
No oblíquo desejo das tuas pálpebras
cerradas
experimento a loucura do beijo.
(...)
(...)
o teu vestido sem mácula
acalenta-se nos segredos do teu corpo
e sente-te o sangue a pulsar
nas veias que exultam frágeis
de desejo.
E no meu corpo
o cimo do fogo que se purifica
de martírio pelo beijo
e pelo céu.
............
Na dimensão do tempo
a felicidade da noite (...)
na ressonância do grito.
E na volúpia dos corpos semi-nus
(...)
ao cimo da sombra de cada rua
a penumbra projectada.
A árvore da morte em cada esquina
(...)
o desejo de pedra
que se ganha e perde na aurora do dia.
Uma laje nua
o fio duma navalha (...)
no peito da voz cortada a meio.
Um copo de vinho tinto numa mesa
de madeira tosca (...).
Um rufia...
Um breve minuto de vida na garganta
degolada.
A memória destruída na loucura dos dias...
(...)
No céu a imensidão da lua
que impassível abrevia
da noite o dia.
(...)
............
(...)
Como roseira bravia
cresce sangrando orgias nos espinhos
e sangue novo nas rosas que brotam
indefinidas,
assim eu escrevo.
A noite (...)
acende-me nas pétalas coloridas
a loucura e o prazer.
Dentro de mim acendem-se estrelas
iradas
em divagações profundas
(...)
............
Inspira o sangue movimentos de loucura
(...)
Na boca, um lugar anónimo
de mel de luz e espuma
misturada com a demência e o prazer.
Queimam as veias (...)
imagens ressequidas
têmporas feridas (...)
paisagens alucinadas de memória
(...)
orgias sangrentas
no reflexo da noite (...)
(...) ansiosa de ideias novas por nascer.
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extractos de quatro poemas de "derribem do corpo as flores"