OCASO
Pés doloridos, machucados
pelas pedras cortantes do caminho...
Passado e presente espedaçados,
no silêncio do crepúsculo;
vago sozinho!...
(Papel, caneta, dúvidas...)
Será válido escrever
se tantos livros apodrecem
nas Bibliotecas?
Comunicação reprimida nos cantos
por pessoas desligadas do mundo,
de SHAKESPEARE aos Astecas!
Ao Sul a abastança irradia alegria...
Ao norte, a fome ofusca a esperança;
A seca racha a terra, mata o boia-fria,
esqueletiza o gado em vida,
consome o homem, a criança...
Será válido escrever
se a cultura agoniza aos redores?
Se não ouvem os gemidos
das crianças que morrem,
ouvirão um simples poeta?
Mesmo na dúvida peguei a caneta
seguindo a árdua caminhada da poesia...
de alma trincada, preta,
escrevi poucas palavras:
(Não posso mudar o mundo...)
"Sigo em passos leves nessa vida fria!"
Buscando apoio no recôndito do meu pensamento
tento amenizar minh'alma cansada,
busco conforto para tanto sofrimento;
Basta-me, porém, o som das águas,
o por do sol e a alvorada!
OCASO, OCASO...
Palavra pequenina
de tantos sinônimos
que pode ser usada ao gosto do poeta!
Ah! Se pudéssemos fazer da realidade
sinônimos e antônimos do OCASO,
poderíamos mudar o seguir da vida
e expulsar enfim da face da "terra":
- A DOR A MORTE E TODOS OS DEMÔNIOS!