OCASO

Pés doloridos, machucados

pelas pedras cortantes do caminho...

Passado e presente espedaçados,

no silêncio do crepúsculo;

vago sozinho!...

(Papel, caneta, dúvidas...)

Será válido escrever

se tantos livros apodrecem

nas Bibliotecas?

Comunicação reprimida nos cantos

por pessoas desligadas do mundo,

de SHAKESPEARE aos Astecas!

Ao Sul a abastança irradia alegria...

Ao norte, a fome ofusca a esperança;

A seca racha a terra, mata o boia-fria,

esqueletiza o gado em vida,

consome o homem, a criança...

Será válido escrever

se a cultura agoniza aos redores?

Se não ouvem os gemidos

das crianças que morrem,

ouvirão um simples poeta?

Mesmo na dúvida peguei a caneta

seguindo a árdua caminhada da poesia...

de alma trincada, preta,

escrevi poucas palavras:

(Não posso mudar o mundo...)

"Sigo em passos leves nessa vida fria!"

Buscando apoio no recôndito do meu pensamento

tento amenizar minh'alma cansada,

busco conforto para tanto sofrimento;

Basta-me, porém, o som das águas,

o por do sol e a alvorada!

OCASO, OCASO...

Palavra pequenina

de tantos sinônimos

que pode ser usada ao gosto do poeta!

Ah! Se pudéssemos fazer da realidade

sinônimos e antônimos do OCASO,

poderíamos mudar o seguir da vida

e expulsar enfim da face da "terra":

- A DOR A MORTE E TODOS OS DEMÔNIOS!

Mário Vigna
Enviado por Mário Vigna em 04/08/2006
Código do texto: T208715