Sinais

Debruça-se, o Poeta,

sobre aquilo que não faz sentido.

Observa, cúmplice, a folha em branco.

Loucura polifônica quer apenas

a sua alma vagante.

O absurdo se instala

entre os sonhos e a realidade.

Multiplicam-se, as significações,

e se jogam, em cascatas fluorescentes,

na folha conivente,

parindo antífrases e delírios,

ora prontamente aceitos,

ora totalmente rejeitados.

Num impasse e impulso,

nova folha em branco sorri

para o Poeta angustiado,

que, novamente entusiasmado,

arrisca-se em um novo frenesi.