Miragem do tempo

“Mantendo um limiar / que é o limiar de proximidade até corpo / o limiar do mundo ou seu fim / seu fim mais literal, o limiar / o máximo que posso respirar / ou dar de mim, a ti, me doar / o máximo de mim...” (Alex de Andrade)

...........................................................

Ninguém conhece a dor

de esse meu antigo olhar,

refletido nos dorsos insanos

dos meus antigos danos.

Ao longe, reflito-me!

És a estátua da minha antiga dor

Vestida pelo avesso da poeira do tempo,

agasalhada no vento brando do esquecimento.

Ao teu lado, cogito-me!

És a esfinge marcada pelos derradeiros beijos:

marcas de meus sofridos desejos

na ânsia de mim, a ti, perpetuar-me...

À tua distância, repito-me!

Estátua e esfinge que afligem minha alma:

frieza de antigas e tenebrosas calmas

por não saber, na tua ausência, perdoar-me...

Hoje, apenas miro lembranças

de tristes olhares na miragem do tempo!!!

Ao meu lado, existo-me!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 04/08/2006
Reeditado em 04/08/2006
Código do texto: T208956